segunda-feira, 31 de maio de 2010

Do que mais sente falta no Brasil (tirando o Ovomaltine)?

A primeira coisa que sinto falta é de determinadas pessoas. Evitarei dizer o nome de algumas por motivos óbvios. Até mesmo tirarei o foco desse aspecto (não por não ser relevante, mas por ser "perigoso") e focarei mais em aspectos culturais.

Tirando o ovomaltine, ainda sinto falta de algumas comidas. A primeira delas acho que seria um bom churrasco. A Google ainda compensa um pouco que de vez em quando tem umas carnes boas, mas elas não costumam vir em muitas opções, diferentes cortes e tudo mais; e até agora nunca vi picanha hehe. Na parte de comida, também incluiria a pamonha, mané pelado e palmito (hmmm, palmito). São duas coisas que gosto bastante, e que nunca vi por aqui. Finalmente, ainda no aspecto comida, às vezes sinto falta das coisas adaptadas pro paladar brasileiro. Se você acha que a comida chinesa que vc come no Brasil é igual à da China, está muito enganado. Da mesma forma, a "mesma" comida aqui não é igual à do Brasil. E a comida aqui é boa, só estou comentando que é diferente.

Outra coisa é a própria simpatia que não é comum aqui. Apesar de me considerar mais semelhante ao povo americano que o brasileiro em alguns aspectos sociais, ainda estranho aqui. O exemplo que lembro falando isso, foi o dia que estava abrindo a porta quando meu vizinho (com o qual nunca falei) estava chegando. Virei pra dar aquele "oi social" e ele simplesmente abriu a porta e entrou no ap dele. No Brasil isso seria um insulto. Aqui não me senti insultado (porque é de fato uma cultura mais fria), mas ainda acho estranho.

Além disso, sendo uma cultura muito do "espaço pessoal", "sofro" um pouco pois tenho a tendência de invadir esse espaço pessoal conforme vou ganhando mais intimidade. Também já tenho um exemplo disso. Um dia descendo do elevador, um carinha da minha equipe estava de olho fechado. Aí eu tipo balancei a mão na frente (tipo quando você quer "acordar" alguém que está olhando "pro infinito") dele (perceba que eu não encostei), e quando ele abriu os olhos e viu, ele disse: "Não faça isso!" com uma cara toda séria. Povo muito estranho...

A "responsividade infantil" aqui também não é das melhores. Aqui em geral os pais "vacinam" as crianças melhor pra não conversar com estranhos, então em geral elas não dão muita bola pros outros. Eu não sei explicar direito tudo, mas junto com isso tem aquele lance que o pessoal aqui é muito mais "fresco" e bruto. Por exemplo, se num ônibus por exemplo, tivesse uma criança olhando pra mim, e eu começasse a sei lá, fazer careta ou alguma coisa assim e os pais vissem, no Brasil eles só achariam graça e muitas vezes até entrariam na brincadeira. Aqui o povo é meio neurótico e não sei nem que tipos de reação esperar.

Uma coisa que eu sentia falta também era de um transporte público decente, no sentido de eficiência e disponibilidade. Tudo bem que aqui sempre tem lugar pra sentar (pelo menos quando peguei), mas passa muito raramente, e tem que mudar todo seu horário pra se adaptar à hora que os transportes passam.

Finalmente, sinto falta dum calorzinho um pouco maior hehe. Isso deve diminuir agora que o verão chegou, mas tipo, é difícil sentir calor aqui. E calor de aquecedor não é a mesma coisa. Por outro lado, com o frio não dá pra suar muito na bike, o que já ajuda.

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UPDATE: Esqueci de incluir uma das coisas engraçadas que sinto falta. Já é relativamente comum acontecer coisas como eu estar com o cabelo bagunçado, comer e ficar um pouco de molho no canto da boca (ou no queixo, ou até no nariz), colocar roupa do avesso (tá bom, esse é raro) e coisas do gênero. Aqui ninguém te dá um toque falando pra arrumar. Principalmente quando vou de bike pro trabalho (e tem que usar capacete aqui), nem sempre lembro de arrumar o cabelo depois de tirar. Aí tem hora que no meio da tarde, quando vou no banheiro, tem aquela antena (pra não dizer outra coisa) e o cabelo já está seco e é mais difícil de arrumar. Já me peguei pelo menos umas 3 vezes. Nem na igreja eles avisam também (já me peguei uma vez com uma antena na igreja, sem contar as que não percebi). Acho que eles secretamente me desprezam por meu "visual alternativo".

Tinha outra coisa engraçada, mas esqueci o que era. Quando lembrar atualizo.

UPDATE2: Lembrei quando cheguei no trabalho. Mas primeiro outras que lembrei, que são ligeiramente relacionadas com a última. Estou tendo que reaprender a fazer piadinhas agora em inglês. Primeiro tem o aspecto da minha limitação da língua que, apesar de ser fluente, não sou nativo; mas também tem as diferenças culturais, as quais ainda estou aprendendo: quais assuntos e situações você pode fazer piada a respeito, que tipo de brincadeira não é íntima demais, e como fazer a piada parecer uma piada e não um "comentário infeliz".

Sinto falta tb de quase sempre entender tudo que as pessoas dizem, cada palavra. Aqui, além de ter o desafio de entender toda a pronúncia, tem o desafio do vocabulário. É impressionante o tanto de palavras que eu não conheço (principalmente adjetivos), mas ao mesmo tempo acho legais os adjetivos que em geral dá pra ter uma idéia do que é pela sonoridade. Mas enfim, gostaria de sempre (ou quase sempre) entender tudo. Não sei explicar o quanto isso faz falta, mas tenho quase certeza que é bem mais do que as pessoas em geral (também porque sou muito literal).

E a outra engraçada que anunciei, tem a ver com o fato de as pessoas em geral falarem mais rápido / pra dentro / enrolado quando estão fazendo alguma piadinha com alguém. Eu praticamente nunca entendo (sequer a pronúncia) quando alguém faz uma piadinha comigo (e às vezes entendo a pronúncia, mas não entendo a piada).

Não sendo suficiente isso, quando fazem eu pergunto "O que?", querendo dizer "Você poderia repetir? Gostaria de ter entendido, mas não entendi..."; mas as pessoas entendo como se fosse "Como você teve a ousadia de falar uma coisa dessas?". Daí elas ficam sem graça, dizem que estavam brincando e nunca repetem a brincadeira. E eu fico sequer sem saber a piada, e com a imagem de pessoa ranzinza.

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